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Meu eu antes
Nunca quis ser mãe.
Eu era daquelas que batia no peito e dizia "Maternidade não é pra mim".
Bom, estou escrevendo sobre maternidade, então já sabe como tudo mudou.
Meu nome é Nicole, tenho 28 anos, estou casada há 1 ano e 2 meses, e acabei de descobrir que estou grávida.
Conheci meu marido quando tinha 16 anos, em uma das pouquíssimas baladas em que meus pais deixaram eu ir, pois eles eram muito rígidos com relação a isso, e sinceramente, hoje agradeço imensamente.
Não vou ficar aqui contando como nos conhecemos afinal, pois este não é o objetivo aqui.
O que de fato importa nessa história toda aqui é que meus pais não me deixavam viajar com o Alisson (meu marido, prazer), não dormíamos um na casa do outro, e eu sempre tinha hora para voltar.
Quando completamos 11 anos de namoro, nos casamos.
Aí alguma coisa já havia mudado, pois minha irmã tinha me dado o melhor presente da minha vida. Minha princesa, minha afilhada, minha sobrinha. Só quem tem sobrinha sabe esse sentimento. É um amor quase sufocante.
O bichinho da maternidade começou a rondar minha cabeça neste momento. Mas a única diferença, até então, é que o discurso mudara para "Não queremos filhos por enquanto".
Quando nos casamos, meu sentimento de 'liberdade' falava mais alto. Nós queríamos aproveitar! Viajar o quanto pudéssemos (e nosso orçamento permitisse), fazer churrasco todos os finais de semana, dormir até às 3h da tarde. Enfim, queríamos curtir um ao outro.
Mas depois de tanto tempo juntos, e muito embora pouco tempo casados, eu comecei a pensar mais sobre filhos.
Era um debate mental infinito. Coloca na balança: liberdade, vida financeira relativamente estável de um lado. Um filho e todas as restrições e responsabilidades do outro.
Ele sempre foi mais racional (beeeeem mais). Eu sempre fui mais emocional (beeeeeeeeeeeeem mais). Quando conversávamos sobre isso, ele sempre falava a mesma coisa: "Ainda não, precisamos melhorar financeiramente primeiro". Tínhamos recente sidos transferidos para SC a trabalho, em uma oportunidade muito arriscada. Estabilidade 0 até então.
Nunca tomei pílula anticoncepcional, pois tinha reações insuportáveis, dores de cabeças horrorosas. Sempre nos cuidados com preservativo, o que nunca foi um problema para nós.
O assunto 'filhos' começou a ser mais frequente. Falávamos com carinho agora. Alguma coisa tinha mudado para nós 2.
No feriado do dia 15 de novembro (2015), estávamos assistindo The Walking Dead juntos e, pra quem não sabe, é um seriado sobre zumbis. Sem romance, sem histórias lindas de vida, apenas zumbis e muito, muito sangue.
***Se você está assistindo TWD, mas está muitas temporadas atrasado, cuidado que aí vem spoiler.
Em um determinado episódio uma personagem descobre que no meio de todo aquele caos, ela está grávida. Quando o episódio acabou, ficamos um tempão conversando sobre isso. Sobre como pensar demais nos 'e se', como esperar as coisas acontecerem, só adiaria cada vez mais os planos de filhos e quando (e se) as coisas se resolvessem, talvez fosse tarde demais e, ou não conseguiríamos, ou talvez estivéssemos muito velhos para aproveitar de verdade os nossos filhos.
E 'do nada', o Alisson solta um "VAMOS TER UM FILHO". Confesso que me assustei com essa decisão dele, mas ao mesmo tempo aquilo acalmou meu coração. Era o que eu queria. Era o que me faltava.
Em questão de segundos, minha cabeça maníaca e ansiosa pensou: "Ah! Começamos a tentar agora, quem sabe daqui uns 6 meses eu consigo engravidar. É assim as histórias que ouvimos, certo? Só em novela as pessoas conseguem engravidar rápido". Doce ilusão.
Bom, detalhes sórdidos à parte, aquele dia foi a primeira vez, em 11 anos, que transamos sem camisinha, e, principalmente, a primeira vez que fizemos amor com uma razão relativamente altruísta, pois não era só por prazer.
Quando terminamos, o Alisson, sempre muito sarrista, mandou uma mensagem pros nossos amigos/irmãos dizendo que tinha acabado de fazer um filho. Eu ri, e disse "calma, sem expectativas, isso leva um tempo", mas no fundo, eu sabia que era o meu desejo mais assustador e verdadeiro.
Daquele dia em diante, as 'tentativas' ficaram mais frequentes. Não sei se pela novidade de não estarmos usando camisinha, ou se pelo desejo real do filho. Cheguei até a comentar com a minha irmã que havíamos decidido tentar e ela, como sempre a pessoa mais sensata da galáxia mandou uma mensagem dizendo "Quero chorar de alegria, mas pé no chão! Sem ansiedade que tudo vai dar certo".
Pff, ansiedade é meu segundo nome.
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