terça-feira, 15 de março de 2016

01ª semana


Aquela certeza duvidosa



Daquele dia em diante, em ficava procurando sintomas e sensações para confirmar ou não a gravidez. Era uma mistura de medo e ansiedade (ela de novo!), principalmente porque nem eu mesma sabia se eu queria mesmo estar grávida ou não.

Comecei a fuçar no google. 
"Quantos dias após a fecundação pode saber se está grávida"
"Sintomas de gravidez ainda no primeiro mês"
"Simpatias para descobrir se está grávida"

E eu fazia tudo. Eu procurava resultados positivos. Ainda com medo, mas cada dia com mais vontade de que desse certo.
Detalhe: ainda não havia passado um mês desde que começamos a tentar. Não tinha razões para eu começar a me preocupar! Mas como eu disse, ansiedade é meu sobrenome.

Por diversas vezes me peguei pensando e com a mão na barriga. 
Cheguei a comprar um vestido pensando que eu usaria ele depois de barriga (louca varrida, eu sei)

Aí meus seios começaram a crescer. A crescer e a ficarem quentes (??).

Eu e meu marido temos o costume de tomarmos banhos juntos. Normalmente temos as conversas mais produtivas e sinceras embaixo do chuveiro. Vai entender. Sou meio tímida, e nunca fiz, nem faço xixi nem o nº2 na frente dele. Mas no banho é praticamente inevitável fazer xixi (rsrsrs). Eu sempre mandava ele virar e fazia. Até que em uma dessas vezes ele, super delicado como sempre foi, disse rindo "Jesus, que xixi fedido é esse??? Tá tomando o que??". Comecei a rir, mas minha cabeça maníaca já fez a relação do xixi com a gravidez. "Tem que ter alguma relação, não é possível. Afinal de contas, é pelo xixi que os testes de farmácia detectam gravidez."

Alguns dias mais tarde, minha mãe, meus tios e minha vó vieram me visitar. Iríamos participar de uma corrida de 5km na praia vizinha.

Não, não sou atleta. Não, não tenho condicionamento físico nenhum, mas havia alguns meses que estava caminhando e arriscando umas corridas. Pensei: porque não?

Um dia antes da corrida, conversando com uma das minhas tias, casada com o irmão da minha mãe, comentei que estávamos tentando. Disse que estava tranquila (mentira), que não tínhamos pressa (mentira). Ela, como uma mulher sensata, me respondeu "Tenha calma, e não se afobe. Quanto mais você pensa, menos teu corpo colabora". Concordei, mas no fundo, minha cabeça lunática já estava fazendo o enxoval e pensando em que escola ele/ela iria quando crescesse.

Eu estava CERTA que estava grávida. Nada concreto me comprovaria isso, até porque não estava nem na época da minha menstruação descer. Era neura pura da minha cabeça.

À noite, fomos no mercado e eu sorrateiramente comprei meu primeiro teste de gravidez. Já imaginei, inclusive, como eu contaria pra todo mundo que estava aqui em casa. Viu? Doida de pedra!!

Li a bula rápido e vi que não precisava ser o primeiro xixi do dia. Corri pro banheiro. Aquele frio na barriga tomou conta. Opa! O primeiro risco apareceu! 2 minutos e nada. 5 minutos e nada. 10 minutos e nada! E eu olhando fixamente praquele pedacinho de papel todo mijado. Nada.

Ok, ainda é cedo. Vou me acalmar.

Fui correr, quase morri, óbvio. E foi a primeira vez que pensei "Talvez fosse melhor assim mesmo". 
Não preciso nem dizer que esse sentimento passou rápido, porque algo me dizia (minha maluquice, talvez) que eu estava grávida sim!!

Enfim, mais uma semana se passou e eu comprei o segundo teste, comprei outra marca pra garantir. Meus peitos além de inchados agora também estavam doloridos. Sempre tive TPM, das 'brabas'! E nunca senti isso. Certeza que esse ia dar positivo! Adivinha??? NADA!

A frustração foi tomando conta.
E eu me sentia mal por estar me sentindo mal!! Quantas mulheres levam meses, ANOS pra engravidar?? Eu não tinha o direito de ficar mal. Mas não adiantava. Eu estava triste. Frustrada. E calada, porque me sentia tão culpada de me sentir assim que não fui capaz nem de comentar com o meu marido.

Na semana do dia 05 de dezembro fomos para Campo Largo. Minha menstruação deveria vir na terça, dia 08.
Aquilo não saia da minha cabeça!

Comprei meu terceiro teste. Outra marca, pra garantir. 
Estava tão ansiosa que fui buscar minha irmã na casa da minha mãe e aproveitei que a casa estava vazia e fiz ali mesmo. 
Fuén fuén. Negativo.
E ainda por cima fiquei presa no banheiro porque o trinco do banheiro estava quebrado. Ficamos  minutos tentando sair. Eu, e minha frustração.
Prometi a mim mesma que só faria o teste de novo depois do dia 08. Sem choro nem vela.

Comentei com uma das minhas madrinhas de casamento tudo o que eu estava sentindo, sempre amenizando as partes sórdidas das minhas maluquices (rsrsrs)
Ela, super empolgada, colocou no google "simpatias para saber se estava grávida". Uma mais maluca que a outra. Escolhi a mais possível de ser feita, mas teria que ser com o primeiro xixi do dia.
Atenção: se você tem nojinho, não continue a ler esse parágrafo. EU NÃO ME ORGULHO DISSO (rsrsrsrs)
A simpatia era basicamente fazer xixi em uma caneca (que você possa jogar fora depois, obviamente) e colocar para ferver. A reação do xixi fervendo diria se eu estaria ou não grávida.  Se fervesse como água, apenas borbulhasse, era negativo. Mas se fervesse como leite, 'subindo' e fazendo uma espuma branca no centro, era positivo. 
A espuma branca formou quase que imediatamente. Meu coração tava na orelha já de tão nervosa que eu tava. Alguns segundos depois, 'subiu'.
E agora? Dá pra confiar? 
Fui ler os comentários no google e váááááááárias pessoas dizendo que fizeram, mas que mesmo fervendo como leite, não estavam grávidas.
Mais um balde de água fria.

À tarde fomos a um campeonato de jiu jitsu e comentei com o Alisson. não toda essa loucurada toda, mas que eu estava fortemente desconfiada e que tinha fervido o xixi, Não preciso nem comentar o quanto ele riu da minha cara por isso. Não tiro a razão dele (rsrs).

Na segunda, dia 07, fui ao shopping com a minha irmã e comentei com ela que estava me sentindo estranha e que compraria (mais um) teste. Ela, mais uma vez, sorriu e disse: "Ok, mas você vai fazer só amanhã e se der negativo, bola pra frente! Foi só a primeira tentativa". Fiz a maior cara de pessoa normal que eu consegui e respondi, sorrindo: "Lógico, to susse". Aham, só que não.
Mal sabia ela a psicopata que eu havia me tornado.
Assim foi feito. Saímos do shopping, compramos o teste e fui pra casa. Não preciso nem dizer que nem dormi direito.

7h da manhã eu PULEI da cama e fui pro banheiro com o quarto teste. Outra marca, pra garantir.
Nada de menstruação. Coração começou a pular.
Aproveito para deixar aqui minha reclamação aos fabricantes. Mirar o xixi numa área de meio centímetro quadrado não é nada fácil. Ainda mais tremendo igual vara verde.
O primeiro risco apareceu muito rápido e MUITO forte! 
"Vou infartar"
Não tenho ideia quanto tempo depois, mas acredito que foram alguns segundos um segundo risco MUITO tímido apareceu.
Pra mim já era o bastante.

Corri pro quarto, pulei no Alisson dormindo. "Acho que eu to grávida". Ele deu um pulo, me chamou de maluca e rindo, pegou o teste.
Racional como sempre disse: "Vou ser bem sincero. Não estou vendo nada. Só tem um risco aqui, e... UI, PEGUEI NO SEU XIXI". Racionalmente, passou a mão no meu cabelo (acredito que tenha sido pra limpar o xixi da mão rsrsrs), e disse que só ia confiar em um exame de sangue.

Na hora fiquei muito braba com ele. EU TAVA VENDO O SEGUNDO RISCO, PÔ! Mas ok, fazia sentido o que ele estava falando.
Mandei uma mensagem pra minha irmã "Parabéns, titia". A resposta foi quantos coraçõezinhos couberam na caixa de mensagens. <3
Mas, sensata (pelo jeito a única pessoa que não é nessa história é a lunática que vos fala), falou: corre no laboratório que fica pronto ainda hoje. Óbvio que foi o que eu fiz.

A atendente do laboratório ainda teve a audácia de me perguntar se eu tinha urgência no resultado. NÃO, NÃO, PODE SER PRO ANO QUE VEM QUE EU TO SUSSE.
Sorri. Ia ficar pronto às 17h daquele mesmo dia.

Mucho loka que sou, comecei a atualizar a página desde às 13h.
Às 16h saiu. 
Eu estava na casa da minha mãe, com a minha irmã, fingindo tranquilidade e serenidade.

Valor de referência: 
Não detectável: Inferior a 2mUI/mL
Compatível com gravidez: Superior a 25 mUI/mL

Resultado: 167 mUI/mL

Me ajoelhei e chorei. 
Sabe a pior parte? Não foi tanto de alegria. Era desespero puro. 
Mal sabia eu que esse medo ia me acompanhar durante a gravidez.

Chorei tanto, que quase me faltou ar. E minha irmã, agora não tão racional assim, pulava literalmente de alegria.




segunda-feira, 14 de março de 2016

00 semanas

Meu eu antes


Nunca quis ser mãe.
Eu era daquelas que batia no peito e dizia "Maternidade não é pra mim". 
Bom, estou escrevendo sobre maternidade, então já sabe como tudo mudou.

Meu nome é Nicole, tenho 28 anos, estou casada há 1 ano e 2 meses, e acabei de descobrir que estou grávida.

Conheci meu marido quando tinha 16 anos, em uma das pouquíssimas baladas em que meus pais deixaram eu ir, pois eles eram muito rígidos com relação a isso, e sinceramente, hoje agradeço imensamente.

Não vou ficar aqui contando como nos conhecemos afinal, pois este não é o objetivo aqui.

O que de fato importa nessa história toda aqui é que meus pais não me deixavam viajar com o Alisson (meu marido, prazer), não dormíamos um na casa do outro, e eu sempre tinha hora para voltar.

Quando completamos 11 anos de namoro, nos casamos.

Aí alguma coisa já havia mudado, pois minha irmã tinha me dado o melhor presente da minha vida. Minha princesa, minha afilhada, minha sobrinha. Só quem tem sobrinha sabe esse sentimento. É um amor quase sufocante.

O bichinho da maternidade começou a rondar minha cabeça neste momento. Mas a única diferença, até então, é que o discurso mudara para "Não queremos filhos por enquanto".

Quando nos casamos, meu sentimento de 'liberdade' falava mais alto. Nós queríamos aproveitar! Viajar o quanto pudéssemos (e nosso orçamento permitisse), fazer churrasco todos os finais de semana, dormir até às 3h da tarde. Enfim, queríamos curtir um ao outro.

Mas depois de tanto tempo juntos, e muito embora pouco tempo casados, eu comecei a pensar mais sobre filhos.

Era um debate mental infinito. Coloca na balança: liberdade, vida financeira relativamente estável de um lado. Um filho e todas as restrições e responsabilidades do outro.

Ele sempre foi mais racional (beeeeem mais). Eu sempre fui mais emocional (beeeeeeeeeeeeem mais). Quando conversávamos sobre isso, ele sempre falava a mesma coisa: "Ainda não, precisamos melhorar financeiramente primeiro". Tínhamos recente sidos transferidos para SC a trabalho, em uma oportunidade muito arriscada. Estabilidade 0 até então.

Nunca tomei pílula anticoncepcional, pois tinha reações insuportáveis, dores de cabeças horrorosas. Sempre nos cuidados com preservativo, o que nunca foi um problema para nós.

O assunto 'filhos' começou a ser mais frequente. Falávamos com carinho agora. Alguma coisa tinha mudado para nós 2.

No feriado do dia 15 de novembro (2015), estávamos assistindo The Walking Dead juntos e, pra quem não sabe, é um seriado sobre zumbis. Sem romance, sem histórias lindas de vida, apenas zumbis e muito, muito sangue.
***Se você está assistindo TWD, mas está muitas temporadas atrasado, cuidado que aí vem spoiler.
Em um determinado episódio uma personagem descobre que no meio de todo aquele caos, ela está grávida. Quando o episódio acabou, ficamos um tempão conversando sobre isso. Sobre como pensar demais nos 'e se', como esperar as coisas acontecerem, só adiaria cada vez mais os planos de filhos e quando (e se) as coisas se resolvessem, talvez fosse tarde demais e, ou não conseguiríamos, ou talvez estivéssemos muito velhos para aproveitar de verdade os nossos filhos.
E 'do nada', o Alisson solta um "VAMOS TER UM FILHO". Confesso que me assustei com essa decisão dele, mas ao mesmo tempo aquilo acalmou meu coração. Era o que eu queria. Era o que me faltava.
Em questão de segundos, minha cabeça maníaca e ansiosa pensou: "Ah! Começamos a tentar agora, quem sabe daqui uns 6 meses eu consigo engravidar. É assim as histórias que ouvimos, certo? Só em novela as pessoas conseguem engravidar rápido". Doce ilusão.

Bom, detalhes sórdidos à parte, aquele dia foi a primeira vez, em 11 anos, que transamos sem camisinha, e, principalmente, a primeira vez que fizemos amor com uma razão relativamente altruísta, pois não era só por prazer.

Quando terminamos, o Alisson, sempre muito sarrista, mandou uma mensagem pros nossos amigos/irmãos dizendo que tinha acabado de fazer um filho. Eu ri, e disse "calma, sem expectativas, isso leva um tempo", mas no fundo, eu sabia que era o meu desejo mais assustador e verdadeiro.

Daquele dia em diante, as 'tentativas' ficaram mais frequentes. Não sei se pela novidade de não estarmos usando camisinha, ou se pelo desejo real do filho. Cheguei até a comentar com a minha irmã que havíamos decidido tentar e ela, como sempre a pessoa mais sensata da galáxia mandou uma mensagem dizendo "Quero chorar de alegria, mas pé no chão! Sem ansiedade que tudo vai dar certo".

Pff, ansiedade é meu segundo nome.